Após uma crise que começou há mais de uma década e provocou o fechamento de dezenas de usinas no país, uma lenta recuperação ganhou corpo no segmento sucroalcooleiro em 2020 e, com ela, o número de aquisições de unidades voltou a crescer
Segundo alguns levantamentos de consultorias, ao menos oito aquisições de usinas, totais ou parciais, ocorreram em 2020, em 2019, foram apenas três. Com isso o setor sucroalcooleiro renova esperanças por dias melhores.
Infelizmente, a maioria dos negócios foi fechado no âmbito de recuperações judiciais ou falências, e os valores praticados foram bem inferiores aos registrados durante a fase de bonança nos anos 2000.
Em geral, os valores das transações efetivadas refletem o fato de boa parte dos negócios terem ocorrido dentro de leilões de usinas “problemáticas”. Além disso, a desvalorização do real tornou os ativos brasileiros ainda mais baratos, ao menos para compradores estrangeiros.
Cálculos realizados por consultorias especializadas, a partir de três aquisições realizadas neste ano mostram que o desembolso médio por tonelada de cana moída de capacidade instalada ficou em torno de US$ 10 neste ano. Em 2017, por exemplo, o valor oscilava em torno de US$ 30.
O RenovaBio mudou a dinâmica do segmento. Existe uma visão de maior prosperidade para energias renováveis em geral. Nos investidores e empresários, diminuiu aquela preocupação de não existir "luz no fim do túnel" para o setor
Mesmo em meio a dificuldades, o fato é que já há mais trocas de controle hoje do que três ou quatro anos atrás, quando as empresas afetadas pela crise começaram a entrar em recuperação judicial e falência.
Faz parte do pano de fundo desse cenário a conjunção entre juros baixos e câmbio depreciado, que oferece um ambiente favorável ao retorno de investimentos neste que é um segmento exportador, segundo especialistas.
Em alguns casos, compradores citam como estímulos adicionais o potencial de expansão da demanda por etanol, reforçado pelo programa RenovaBio, e a onda de investimentos com pegada “ESG” (ambiental, social e governança).
O RenovaBio mudou a dinâmica do segmento. Existe uma visão de maior prosperidade para energias renováveis em geral. Nos investidores e empresários, diminuiu aquela preocupação de não existir “luz no fim do túnel” para o setor.
Em algumas situações, a aquisição também atende aos anseios da comunidade do entorno por causa do impacto econômico regional da usina. Foi o caso da Usina Alcana, em Nanuque (MG), que era da Infinity Bio-Energy e foi arremata da pelo grupo Alcon, em leilão, por R$ 13 milhões. Produtores rurais se mobilizaram e entregaram uma carta pedindo ao grupo que fizesse uma oferta e recuperasse a usina, parada desde 2013.
A Infinity ainda tenta embargar esse negócio na Justiça, mas a Alcon está confiante. Como a usina atual da companhia está a 80 quilômetros da Alcana, há facilidade na integração. O grupo pretende investir mais R$ 80 milhões para recuperar canaviais e garantir contratos de fornecimento e arrendamento na região. A expectativa é retomar a operação no fim de 2021 e criar 2 mil empregos.
LISTA E-MAIL TURBINA A VAPOR
Em outros casos, as transações foram desencadeadas mais pelo interesse nas terras do que nas unidades industriais. Foi o que aconteceu na venda da Usina Floralco, ainda em 2019. O grupo comprador queria comprar somente as terras, mas, quando foram visitar, viram que a usina estava completa e decidiram comprar tudo.
O custo da unidade, porém, supera os R$ 54 milhões acerta dos em leilão, já que o comprador também já gastou R$ 22 milhões com plantio de canaviais e deverá desembolsar mais R$ 25 milhões na indústria.
A reativação da usina aguarda agora negociações para a entrada de um sócio e pode ocorrer em 2022.
Também têm aparecido investidores do mercado financeiro, como na compra da Usina Revati pela Integra Special Situations, com recursos do sócio Sérgio Firmeza Machado, da gestora ARC Capital –o negócio ainda depende de negociação com credores. Outro caso é o aquisição da Usinas Itamarati, hoje Uisa, pelo fundo CVCIB Holdings, em 2019.
Mesmo em meio a dificuldades, o fato é que já há mais trocas de controle hoje do que três ou quatro anos atrás, quando as empresas afetadas pela crise começaram a entrar em recuperação judicial e falência.
Grandes fusões
Mesmo mais aquecido, o mercado de fusões e aquisições no segmento sucroalcooleiro ainda não voltou a ser palco de negócios de grande porte.
Nos últimos anos, o único caso mais relevante foi o da união entre as multinacionais BP e Bunge, em 2019, em que a petroleira britânica pagou US$75 milhões e compartilhou com a nova sócia americana uma dívida de US$ 700 milhões.
Em meados deste ano, a Raízen Energia, joint venture entre Cosan e Shell, começou a negociar a compra da Biosev, controlada pela Louis Dreyfus Company (LDC)– que tem dívidas bilionárias que vencem a partir da próxima safra—, mas as conversas não avançaram muito desde então.
Em novembro, a venda de uma fatia minoritária da Dreyfus ao fundo de Abu Dhabi ADQ abriu um novo horizonte para a Biosev. O fundo poderá fazer um aporte de ao menos US$ 800 milhões na múlti francesa, e parte desse valor poderá ser usado para socorrer a sucroalcooleira.
Confira mais notícias do setor
Comente
Canal de compartilhamento de informações e conteúdos sobre TURBINAS A VAPOR.
Siga nos
Conteúdos recentes
Vídeo Relacionado
Participe da lista sobre Turbinas a Vapor
Compartilhe isso:
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela) WhatsApp
- Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela) LinkedIn
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook
- Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+
- Clique para enviar um link por e-mail para um amigo(abre em nova janela) E-mail
- Clique para imprimir(abre em nova janela) Imprimir
